Introdução ao estudo
Antes de iniciar o nosso estudo da Cabala, que será feito através da apresentação dos seus 14 princípios essenciais, gostaria de deixar aqui um lembrete importante: todo estudante de Ciência da Religião deve conhecer todos os aspectos da espiritualidade humana. O objetivo das postagens neste blog é o estudo, e não a pregação do que está sendo estudado. E antes, ainda, de adentrarmos os seus princípios essenciais, é necessário conhecermos um pouco mais dos fundamentos, significados, propósitos e história da Cabala, para que possamos estabelecer nossos próprios parâmetros a respeito dessa tradição milenar.
Página do "Zohar"
"Somos nossos desejos"
A primeira coisa que devemos saber a respeito da Cabala é que, de acordo com ela, todo ser humano é, em essência, aquilo que ele deseja.
Segundo a Cabala, o desejo é a energia que move e define o ser humano. Somos feitos dos nossos desejos. E antes de pensar “não, eu não concordo”, pare e pense um pouco sobre essas duas questões: 1) Qual o seu maior desejo? 2) De que maneiras você poderia definir a sua existência neste planeta?
As duas respostas estão intimamente relacionadas? Se a resposta for positiva, isso não surpreenderia um estudante da Cabala. Tomemos alguns exemplos:
Alguém que deseja, mais do que tudo, o bem do seu próximo. Temos aí um ativista social, alguém que participa de obras assistenciais ou um administrador de alguma entidade filantrópica, seja de apoio às crianças de rua ou aos velhinhos desamparados. Essas pessoas, se realmente quiserem dedicar suas vidas à prática do bem, acabam sempre conseguindo. Conheço a história fantástica de uma senhora que se pôs a adotar crianças órfãs e acabou se tornando “mãe” de mais de sessenta crianças abandonadas, e mesmo sem uma fonte de renda que lhe permitisse abraçar uma obra de tal magnitude, conseguiu o empréstimo de uma casa grande para acolher os menores e consegue se manter muitíssimo bem, proporcionando alimentação, vestuário, cuidados médicos e estudo a todos os seus filhos adotados, sem nem saber explicar como. Vive de doações e da ajuda humanitária de empresários anônimos, que surgiram na sua vida sem ser procurados, e, quando se pergunta a ela como consegue arcar sozinha com um trabalho tão grande, responde apenas: “Não é trabalho, é prazer. Não sei explicar como tudo isso acontece; a casa, as provisões... só sei que é tudo por obra de Deus”... Ela desejava ser uma mãe para as crianças abandonadas, e foi isso que se tornou. Este é um exemplo entre muitos, extremamente parecidos.
Outros exemplos bem diferentes também podem ser citados: alguém que deseja antes de tudo as posses materiais: essa pessoa é (ou vai se tornar) um empresário, um comerciante ou um "workaholic". Na maioria das vezes, essas pessoas acabam alcançando o sucesso financeiro, porque alguém que ama o dinheiro e empenha toda sua vida e suas melhores energias em obtê-lo (infelizmente algumas vezes a qualquer custo) quase sempre acaba conseguindo, embora isso não seja uma regra geral.
Outro exemplo: o próprio autor deste blog, eu mesmo, que sempre busquei o caminho da espiritualidade, e desejei encontrar a Verdade fundamental da vida. O que me tornei? Um teólogo, um membro atuante na minha comunidade religiosa, o dono de um site que fala de religião, autor de diversas obras (não publicadas) sobre espiritualidade... A conclusão óbvia é: aquilo que sempre desejei moldou a minha vida, fez de mim o que sou hoje, que na verdade é o que eu sempre fui. Alguém que se importa com as questões espirituais. Isto foi definido desde sempre pelos meus desejos. O que estamos querendo analisar aqui é se essa afirmação básica da Cabala faz algum sentido: “Somos o que desejamos”. Somos mesmo o que desejamos? Isto faz sentido para você? Mais adiante estudaremos, dentro deste mesmo tópico, se é possível ou não a alguém que traz desejos muito ruins ou nocivos modificá-los. Tudo a seu tempo...
Claro que um budista ou um membro de alguma religião oriental de caráter transcendente poderia afirmar: “O meu ideal é não ter desejos”. Mas mesmo aí, podemos observar que "não ter desejos" também é um desejo! E, se prestarmos mais atenção, veremos que ninguém consegue, de fato, não ter nenhum desejo. Sim, existem tipos completamente diferentes de desejo, mas todos desejam alguma coisa. Todos anseiam por algo. Tomando este mesmo rumo, observamos que o líder máximo do budismo, o Dalai Lama, já declarou diversas vezes que deseja a libertação do Tibete da dominação chinesa. Sem violência, claro. O próprio fundador do budismo só se tornou o Buda porque desejou encontrar o Caminho da Libertação da alma, mais do que qualquer outra coisa, e nesse propósito fundamentou toda sua vida. Os monges budistas desejam e buscam atingir o Nirvana. Os monges cristãos desejam a União mística com o Cristo, e nele, a União com o Eterno.
Todos desejamos alguma coisa, e, em última análise, poderíamos ser classificados segundo os nossos desejos. Esta é a primeira afirmação central da Cabala.
“É o desejo que abastece toda a experiência humana: a arte, a literatura, a música, a descoberta científica e a revolução política - tudo começa com o acender de um desejo que anseia por ser preenchido. E não há nenhum condutor mais profundo, poderoso ou potencialmente espiritual para a expressão humana que o nosso desejo mais sincero.” - Rabino Yehuda Berg
Outras tradições milenares chegaram às mesmas conclusões:
“Somos nossos desejos mais profundos. Como forem os nossos desejos, assim será a nossa vontade e assim serão os nossos atos. E assim como forem os nossos atos, assim será determinado o nosso destino.” - Upanishad 4:4–5
”Onde estiver o vosso coração, ali estará também o vosso tesouro.” - Matheus, 6:21
Isso dá o que pensar, não é? Bem vindo ao estudo da Cabala. Posso garantir que será assim do começo até o final. E ainda nem começamos a abordar os seus princípios essenciais...
A Cabala e a alma
Em suas abordagens sobre os mais variados temas, a Cabala sempre se refere à alma. Por definição, ela diz que a alma é uma energia cósmica que é parte da Luz infinita de Deus. Mas de onde vem a alma, qual é o seu início? No mundo físico, o início sempre se dá a partir de uma semente biológica, uma célula que pode ser extremamente pequena, mas já contém dentro de si uma força de vida que não é biológica ou física, mas sim espiritual. – Uma idéia bem próxima daquilo que os orientais chamam de “Ki” (Japão) ou “Chi” (China) e que os antigos chamavam de “Mana”. - Portanto, temos que aceitar a existência dos mundos espirituais se quisermos entender a semente extra-física de nossa existência e receber dela a força vital para renovar nossas forças biológicas e reforçar nossa consciência; para vivermos com mais iluminação espiritual e felicidade.
Nossa semente espiritual começa no mundo espiritual. Existem dez "Sefirot", ou seja, dez dimensões para a realidade. Essas 10 dimensões estão entrelaçadas entre 5 mundos distintos. Não é o meu objetivo o aprofundamento nesta parte mais mística e simbólica da Cabala, por se tratar de assunto muito extenso e muito complexo para o espaço. Por hora, é suficiente saber que o primeiro mundo é chamado “Adam Kadmon", isto é, “Homem Primordial”, e está relacionado com a Sefirá "Keter". O Homem Primordial não é o homem como o conhecemos, em manifestação de corpo, e sim a nossa essência espiritual, a força de nossas vidas. Essa essência foi se desenvolvendo de acordo com os mundos, até que no "Mundo de Briá " (‘Mundo da Criação’, relacionado com a Sefirá ‘Biná’) foi criado Adão. Este Adão não é Adam Kadmon, não é a mesma consciência de Adam Kadmon, mas tem a lembrança da semente de seu nascimento espiritual. Este Adão é o da história Bíblica de Adão e Eva no Paraíso, que todos já conhecemos. O que a Cabala nos ensina é que a Bíblia não é um livro de histórias, ao menos integralmente, e sim um código cósmico, uma descrição de realidades espirituais. Adão e Eva eram, na verdade, uma alma só, dividida; não eram pessoas físicas, mas uma inteligência . Quando cometeram o pecado no Paraíso, foram então expulsos. A palavra "expulsão" é percebida como "explosão". Depois dessa explosão, cada parte de Adão criou um ser humano, na maneira de nossa alma, criando o processo da vida da humanidade e o aparecimento de todas as gerações. Por isso cada um de nós, nesse nível de consciência, tem uma parte espiritual de Adão, que representa a consciência coletiva de todos os seres humanos.
Fundamentos e algumas variantes
Conta a Torá que, após ter libertado os judeus da escravidão, Deus entregou a Moisés as Leis que disciplinariam a vida do seu povo. Seguindo a orientação do Senhor, Moisés compilou-as no que se tornaria a própria Torá, a Bíblia dos judeus. No entanto, o que muitos não desconfiavam é que, mais do que um calhamaço de leis, a Torá guardava informações valiosíssimas. Nas entrelinhas das 613 normas descritas no livro, estavam codificados muitos mistérios da Criação do mundo.
Mas além desta versão, de que Moisés recebeu de Deus os ensinamentos da Cabala, existem outras, sobre a sua origem. Uma variante, conforme visto no post anterior, é a que dá conta de que foi Adão o primeiro a ter acesso a essa sabedoria, tendo depois a transmitido aos patriarcas hebreus (Noé, Abraão, Moisés). Outros ainda acreditam que um anjo a teria revelado ao misterioso sacerdote Melquisedeque, que a repassou a Abraão. Muitas lendas e mitos ajudaram a obscurecer os fatos sobre a verdadeira origem desse conhecimento místico. Alguns estudiosos - entre eles o historiador Gershom Scholem, uma das maiores autoridades no assunto no mundo - concordam que o gnosticismo, movimento esotérico-religioso surgido nos primeiros séculos da nossa era, foi um de seus pontos de partida centrais. Os gnósticos eram pessoas que se dedicavam a refletir sobre questões que sempre intrigaram a humanidade: "Quem somos?", "de onde viemos?", "para onde vamos?". Os judeus simpatizantes do pensamento gnóstico se basearam nas escrituras judaicas para criar um sistema de informações e interpretações secretas sobre a origem do Universo, visando justamente responder a essas perguntas.
Nos primeiros séculos, a Cabala era transmitida apenas oralmente, e esse sistema teria sofrido influências de elementos místicos de diversas religiões e filosofias. Dos povos da Caldéia, por exemplo, assimilou conhecimentos em astrologia. Do hinduísmo, algumas linhas cabalísticas adotaram a crença de que as almas reencarnam. Mas, de todas as vertentes do saber ocidental e oriental, foi o neoplatonismo (tópico a ser abordado aqui no Arte das artes), doutrina filosófica criada pelo egípcio Plotino no século 3, que exerceu a maior influência sobre o sistema que se tornaria conhecido como Cabala.
Plotino acreditava que Deus está além da compreensão humana e não possui qualquer representação. Essa idéia casou perfeitamente com a tradição legalista do judaísmo, que enxerga Deus sob uma perspectiva altamente sobre-humana e nem se atreve a nomeá-Lo. O rabino Laibl Wolf, em seu livro "Cabala Prática", de 2003, compara a Luz de Deus a uma lâmpada de brilho tão intenso que, se acendê-la, você corre o risco de ficar cego. Para ele, mesmo cobrindo-a com um pano translúcido, ela ainda será forte a ponto de ferir suas vistas. Somente depois de colocar diversos panos é que se torna possível enxergá-la e compreendê-la, ao menos uma parte dela. Essa metáfora explica bem a constituição do símbolo máximo do conhecimento cabalístico, a "Árvore da Vida".
Popularização e documentação
A Cabala permaneceu restrita ao círculo judaico, tratada como um saber secreto e de elite, durante centenas de anos. Seus ensinamentos só poderiam ser recebidos por aqueles que atingissem o quarto nível de interpretação da Torá. O primeiro estágio (Peshat) era simples. Todos os judeus tinham de passar por ele e aprender as leis que disciplinam seu comportamento social, ético e religioso. O segundo (Remez) mostrava o que havia por trás do significado literal. No terceiro nível (Derush), o iniciado descobria que as informações sobre a criação do mundo estavam escondidas sob metáforas e analogias. E só então estava habilitado a entender o quarto e último nível (Sod), obviamente o mais aprofundado. Todo esse preparo levava muito tempo e, por isso, o seleto grupo de iniciados costumava ser formado por homens com mais de 40 anos.
No século 13, um grupo de cabalistas espanhóis começou a se preocupar com o risco de a tradição se perder e decidiu registrá-la. A publicação do Zohar – “O Livro do Esplendor” (ainda hoje considerado a obra mais importante da Cabala) sinalizava, pela primeira vez, uma tentativa concreta de popularizar esse saber ancestral. Nessa época, o clima na Espanha era favorável ao florescimento da mística judaica. Apesar de boa parte da Europa ser cristã, a Península Ibérica estava sob o domínio dos árabes desde o século 8. "Muçulmanos instalados na atual Espanha conviviam bem com outras culturas e religiões", conta o professor José Alves de Freitas Neto, do Departamento de História da Unicamp. Graças a essa tolerância, a Cabala encontrou um campo fértil para se difundir.
Mas, a partir daí, ainda se passariam 300 anos para que ela começasse a se popularizar. Em 1492, a paz na Península Ibérica foi quebrada e os reis da Espanha expulsaram do país todos que não estivessem dispostos a colaborar com a consolidação de um Estado cristão. Essa nova diáspora reacendeu o risco de não somente a mística, mas toda a tradição judaica se perder com a dispersão do seu povo pelo mundo. Na tentativa de garantir a continuidade da sabedoria, os cabalistas se estabeleceram em um novo centro, na cidade de Safed, em Israel. Lá surgiu uma das figuras mais importantes da Cabala moderna: Isaac Luria.
Inspirado no Zohar, Luria fez uma releitura da sabedoria místico-judaica, criando a Cabala Luriânica, cujos ensinamentos continuam impressionantemente atuais. Seus seguidores acreditam que algumas das descobertas da ciência no século 20 já tinham sido reveladas por Luria 400 anos antes. "Ele já afirmava, no século 16, que o Universo nasceu a partir de um único ponto de luz, que se fragmentou. Apesar da diferença de denominação - os físicos chamam esse ponto de luz de matéria ou energia - é uma explicação bastante semelhante à teoria de criação do Universo conhecida como o ‘Big-Bang’", escreveu o rabino Yehuda Berg, do Kabbalah Centre de Los Angeles.
Para ele, a Cabala também encontrou, antes da psicanálise, a resposta para uma das maiores indagações da humanidade: a razão do sofrimento. De acordo com a sabedoria mística judaica, a dor e a tristeza servem para impedir que o nosso ego cresça a um ponto que impeça o nosso crescimento espiritual.
"Neste momento (quando o ego se inflama), você deixa de praticar atitudes que poderiam ajudar a melhorar o mundo e passa a ter apenas preocupações mesquinhas, como comprar um carro mais legal do que o de seu vizinho" - Rabino Yehuda Berg
Para os cabalistas, esses conhecimentos já existiam na Torá, só que codificados. Tudo o que eles fizeram foi interpretá-los da maneira certa.
"Como o olho físico, que manda uma imagem invertida ao cérebro, a Torá mostra suas histórias de cabeça para baixo. Somente a Cabala pode reverter a imagem e nos apresentar a verdadeira compreensão e o verdadeiro significado espiritual" - Rabino Rav Berg (‘A Torá Segundo a Cabala’)
Uma passagem da escritura judaica, contando que Deus ordenou a morte dos habitantes da nação inimiga Amalek, seria um exemplo de como os ensinamentos precisam de decodificação. "É uma instrução controversa à luz do mandamento 'não matarás'. A Cabala explica essa aparente contradição. O Zohar mostra que a palavra ‘Amalek’ tem o mesmo valor numérico que a palavra em hebraico para ‘Incerteza’", escreveu Rav Berg. Ou seja, para ele, a mensagem de Deus é para que "matemos" as nossas próprias incertezas. Para ler a explanação completa do rabino, clique aqui.
Cabala hoje
Mesmo depois dos ensinamentos cabalísticos terem sido passados para o papel, seu estudo ainda era restrito. "Formou-se um sistema filosófico e místico tão complexo que já não se tornava necessário cuidar para que poucos o penetrassem, pois só poucos estariam mesmo capacitados para isso", diz o verbete "Cabala" do “Dicionário Histórico das Religiões”.
Hoje já não é mais assim. Alguns cabalistas têm se esforçado em traduzir para uma linguagem bem simples os ensinamentos místicos judaicos. O irmãos Berg (Yehuda e Rav) são expoentes desse grupo, que busca mostrar aplicações práticas dessa sabedoria para pessoas comuns enfrentarem os desafios da vida. No livro “Os 72 Nomes de Deus”, Yehuda Berg ensina a usar determinadas combinações de letras hebraicas, que formam os chamados 72 Nomes de Deus, para nos ajudar a solucionar desde os efeitos negativos da inveja alheia sobre nossas vidas até casos complexos como infertilidade.
Essa tradução dos ensinamentos foi um fator decisivo na popularização da Cabala nas últimas décadas. Mas, para os cabalistas, ela já estava prevista. "O Zohar já dizia que 'as portas do conhecimento se abririam', ou seja, que a sabedoria da Cabala se expandiria", diz o Rabino Nathan Silberstein, de São Paulo.
Mas a Cabala não foi a única sabedoria mística a se popularizar no século 21. Para Leandro Karnal, chefe do Departamento de História da Unicamp e mestre em Ciências da Religião, diversos movimentos místicos emergiram nos últimos anos como fruto da insatisfação do homem com a religião, que institucionalizou a fé. "O Padre, o Rabino ou qualquer outro chefe de instituição religiosa passaram a ser 'intermediários' entre o homem e Deus. Aquela comunicação direta descrita nas escrituras sagradas desapareceu", diz ele. Em meio à debandada de fiéis, a mística tem desempenhado papel fundamental: ela aproxima o homem de Deus, de forma menos dogmática e severa. Mas nem todo mundo vê com bons olhos a maneira como alguns pregam essa popularização.
"É preciso tomar cuidado. Uma coisa é você querer que as pessoas tenham acesso à informação e ensinar a elas como fazer isso. Outra é você simplificar esse conhecimento a ponto de gerar interpretações deturpadas ou errôneas. - Rabino Nathan Silberstein.
"Ainda pior, os sábios nos dizem que se alguém simplesmente aceita a Torá
literalmente - lendo-a com uma postura mental religiosa ao invés de se conectar com ela num nível espiritual - a Torá se tornará um veneno" - Rabino Rav Berg
Num mundo de poucas certezas e muitas falsas promessas de fórmulas mágicas, para algumas pessoas a Cabala tem servido como uma espécie de "bússola". Confiar ou não na direção apontada por ela é, como sempre, uma escolha individual.
Fontes e bibliografia:
Kabbalah Centre;
Profº Shmuel Lemle;
Profª Cristiane Boog;
Superinteressante ed. 214, revisado.
( comentários
Antes de iniciar o nosso estudo da Cabala, que será feito através da apresentação dos seus 14 princípios essenciais, gostaria de deixar aqui um lembrete importante: todo estudante de Ciência da Religião deve conhecer todos os aspectos da espiritualidade humana. O objetivo das postagens neste blog é o estudo, e não a pregação do que está sendo estudado. E antes, ainda, de adentrarmos os seus princípios essenciais, é necessário conhecermos um pouco mais dos fundamentos, significados, propósitos e história da Cabala, para que possamos estabelecer nossos próprios parâmetros a respeito dessa tradição milenar.
"Somos nossos desejos"
A primeira coisa que devemos saber a respeito da Cabala é que, de acordo com ela, todo ser humano é, em essência, aquilo que ele deseja.
Segundo a Cabala, o desejo é a energia que move e define o ser humano. Somos feitos dos nossos desejos. E antes de pensar “não, eu não concordo”, pare e pense um pouco sobre essas duas questões: 1) Qual o seu maior desejo? 2) De que maneiras você poderia definir a sua existência neste planeta?
As duas respostas estão intimamente relacionadas? Se a resposta for positiva, isso não surpreenderia um estudante da Cabala. Tomemos alguns exemplos:
Alguém que deseja, mais do que tudo, o bem do seu próximo. Temos aí um ativista social, alguém que participa de obras assistenciais ou um administrador de alguma entidade filantrópica, seja de apoio às crianças de rua ou aos velhinhos desamparados. Essas pessoas, se realmente quiserem dedicar suas vidas à prática do bem, acabam sempre conseguindo. Conheço a história fantástica de uma senhora que se pôs a adotar crianças órfãs e acabou se tornando “mãe” de mais de sessenta crianças abandonadas, e mesmo sem uma fonte de renda que lhe permitisse abraçar uma obra de tal magnitude, conseguiu o empréstimo de uma casa grande para acolher os menores e consegue se manter muitíssimo bem, proporcionando alimentação, vestuário, cuidados médicos e estudo a todos os seus filhos adotados, sem nem saber explicar como. Vive de doações e da ajuda humanitária de empresários anônimos, que surgiram na sua vida sem ser procurados, e, quando se pergunta a ela como consegue arcar sozinha com um trabalho tão grande, responde apenas: “Não é trabalho, é prazer. Não sei explicar como tudo isso acontece; a casa, as provisões... só sei que é tudo por obra de Deus”... Ela desejava ser uma mãe para as crianças abandonadas, e foi isso que se tornou. Este é um exemplo entre muitos, extremamente parecidos.
Outros exemplos bem diferentes também podem ser citados: alguém que deseja antes de tudo as posses materiais: essa pessoa é (ou vai se tornar) um empresário, um comerciante ou um "workaholic". Na maioria das vezes, essas pessoas acabam alcançando o sucesso financeiro, porque alguém que ama o dinheiro e empenha toda sua vida e suas melhores energias em obtê-lo (infelizmente algumas vezes a qualquer custo) quase sempre acaba conseguindo, embora isso não seja uma regra geral.
Outro exemplo: o próprio autor deste blog, eu mesmo, que sempre busquei o caminho da espiritualidade, e desejei encontrar a Verdade fundamental da vida. O que me tornei? Um teólogo, um membro atuante na minha comunidade religiosa, o dono de um site que fala de religião, autor de diversas obras (não publicadas) sobre espiritualidade... A conclusão óbvia é: aquilo que sempre desejei moldou a minha vida, fez de mim o que sou hoje, que na verdade é o que eu sempre fui. Alguém que se importa com as questões espirituais. Isto foi definido desde sempre pelos meus desejos. O que estamos querendo analisar aqui é se essa afirmação básica da Cabala faz algum sentido: “Somos o que desejamos”. Somos mesmo o que desejamos? Isto faz sentido para você? Mais adiante estudaremos, dentro deste mesmo tópico, se é possível ou não a alguém que traz desejos muito ruins ou nocivos modificá-los. Tudo a seu tempo...
Claro que um budista ou um membro de alguma religião oriental de caráter transcendente poderia afirmar: “O meu ideal é não ter desejos”. Mas mesmo aí, podemos observar que "não ter desejos" também é um desejo! E, se prestarmos mais atenção, veremos que ninguém consegue, de fato, não ter nenhum desejo. Sim, existem tipos completamente diferentes de desejo, mas todos desejam alguma coisa. Todos anseiam por algo. Tomando este mesmo rumo, observamos que o líder máximo do budismo, o Dalai Lama, já declarou diversas vezes que deseja a libertação do Tibete da dominação chinesa. Sem violência, claro. O próprio fundador do budismo só se tornou o Buda porque desejou encontrar o Caminho da Libertação da alma, mais do que qualquer outra coisa, e nesse propósito fundamentou toda sua vida. Os monges budistas desejam e buscam atingir o Nirvana. Os monges cristãos desejam a União mística com o Cristo, e nele, a União com o Eterno.
Todos desejamos alguma coisa, e, em última análise, poderíamos ser classificados segundo os nossos desejos. Esta é a primeira afirmação central da Cabala.
“É o desejo que abastece toda a experiência humana: a arte, a literatura, a música, a descoberta científica e a revolução política - tudo começa com o acender de um desejo que anseia por ser preenchido. E não há nenhum condutor mais profundo, poderoso ou potencialmente espiritual para a expressão humana que o nosso desejo mais sincero.” - Rabino Yehuda Berg
Outras tradições milenares chegaram às mesmas conclusões:
“Somos nossos desejos mais profundos. Como forem os nossos desejos, assim será a nossa vontade e assim serão os nossos atos. E assim como forem os nossos atos, assim será determinado o nosso destino.” - Upanishad 4:4–5
”Onde estiver o vosso coração, ali estará também o vosso tesouro.” - Matheus, 6:21
Isso dá o que pensar, não é? Bem vindo ao estudo da Cabala. Posso garantir que será assim do começo até o final. E ainda nem começamos a abordar os seus princípios essenciais...
A Cabala e a alma
Em suas abordagens sobre os mais variados temas, a Cabala sempre se refere à alma. Por definição, ela diz que a alma é uma energia cósmica que é parte da Luz infinita de Deus. Mas de onde vem a alma, qual é o seu início? No mundo físico, o início sempre se dá a partir de uma semente biológica, uma célula que pode ser extremamente pequena, mas já contém dentro de si uma força de vida que não é biológica ou física, mas sim espiritual. – Uma idéia bem próxima daquilo que os orientais chamam de “Ki” (Japão) ou “Chi” (China) e que os antigos chamavam de “Mana”. - Portanto, temos que aceitar a existência dos mundos espirituais se quisermos entender a semente extra-física de nossa existência e receber dela a força vital para renovar nossas forças biológicas e reforçar nossa consciência; para vivermos com mais iluminação espiritual e felicidade.
Nossa semente espiritual começa no mundo espiritual. Existem dez "Sefirot", ou seja, dez dimensões para a realidade. Essas 10 dimensões estão entrelaçadas entre 5 mundos distintos. Não é o meu objetivo o aprofundamento nesta parte mais mística e simbólica da Cabala, por se tratar de assunto muito extenso e muito complexo para o espaço. Por hora, é suficiente saber que o primeiro mundo é chamado “Adam Kadmon", isto é, “Homem Primordial”, e está relacionado com a Sefirá "Keter". O Homem Primordial não é o homem como o conhecemos, em manifestação de corpo, e sim a nossa essência espiritual, a força de nossas vidas. Essa essência foi se desenvolvendo de acordo com os mundos, até que no "Mundo de Briá " (‘Mundo da Criação’, relacionado com a Sefirá ‘Biná’) foi criado Adão. Este Adão não é Adam Kadmon, não é a mesma consciência de Adam Kadmon, mas tem a lembrança da semente de seu nascimento espiritual. Este Adão é o da história Bíblica de Adão e Eva no Paraíso, que todos já conhecemos. O que a Cabala nos ensina é que a Bíblia não é um livro de histórias, ao menos integralmente, e sim um código cósmico, uma descrição de realidades espirituais. Adão e Eva eram, na verdade, uma alma só, dividida; não eram pessoas físicas, mas uma inteligência . Quando cometeram o pecado no Paraíso, foram então expulsos. A palavra "expulsão" é percebida como "explosão". Depois dessa explosão, cada parte de Adão criou um ser humano, na maneira de nossa alma, criando o processo da vida da humanidade e o aparecimento de todas as gerações. Por isso cada um de nós, nesse nível de consciência, tem uma parte espiritual de Adão, que representa a consciência coletiva de todos os seres humanos.
Fundamentos e algumas variantes
Conta a Torá que, após ter libertado os judeus da escravidão, Deus entregou a Moisés as Leis que disciplinariam a vida do seu povo. Seguindo a orientação do Senhor, Moisés compilou-as no que se tornaria a própria Torá, a Bíblia dos judeus. No entanto, o que muitos não desconfiavam é que, mais do que um calhamaço de leis, a Torá guardava informações valiosíssimas. Nas entrelinhas das 613 normas descritas no livro, estavam codificados muitos mistérios da Criação do mundo.
Mas além desta versão, de que Moisés recebeu de Deus os ensinamentos da Cabala, existem outras, sobre a sua origem. Uma variante, conforme visto no post anterior, é a que dá conta de que foi Adão o primeiro a ter acesso a essa sabedoria, tendo depois a transmitido aos patriarcas hebreus (Noé, Abraão, Moisés). Outros ainda acreditam que um anjo a teria revelado ao misterioso sacerdote Melquisedeque, que a repassou a Abraão. Muitas lendas e mitos ajudaram a obscurecer os fatos sobre a verdadeira origem desse conhecimento místico. Alguns estudiosos - entre eles o historiador Gershom Scholem, uma das maiores autoridades no assunto no mundo - concordam que o gnosticismo, movimento esotérico-religioso surgido nos primeiros séculos da nossa era, foi um de seus pontos de partida centrais. Os gnósticos eram pessoas que se dedicavam a refletir sobre questões que sempre intrigaram a humanidade: "Quem somos?", "de onde viemos?", "para onde vamos?". Os judeus simpatizantes do pensamento gnóstico se basearam nas escrituras judaicas para criar um sistema de informações e interpretações secretas sobre a origem do Universo, visando justamente responder a essas perguntas.
Nos primeiros séculos, a Cabala era transmitida apenas oralmente, e esse sistema teria sofrido influências de elementos místicos de diversas religiões e filosofias. Dos povos da Caldéia, por exemplo, assimilou conhecimentos em astrologia. Do hinduísmo, algumas linhas cabalísticas adotaram a crença de que as almas reencarnam. Mas, de todas as vertentes do saber ocidental e oriental, foi o neoplatonismo (tópico a ser abordado aqui no Arte das artes), doutrina filosófica criada pelo egípcio Plotino no século 3, que exerceu a maior influência sobre o sistema que se tornaria conhecido como Cabala.
Plotino acreditava que Deus está além da compreensão humana e não possui qualquer representação. Essa idéia casou perfeitamente com a tradição legalista do judaísmo, que enxerga Deus sob uma perspectiva altamente sobre-humana e nem se atreve a nomeá-Lo. O rabino Laibl Wolf, em seu livro "Cabala Prática", de 2003, compara a Luz de Deus a uma lâmpada de brilho tão intenso que, se acendê-la, você corre o risco de ficar cego. Para ele, mesmo cobrindo-a com um pano translúcido, ela ainda será forte a ponto de ferir suas vistas. Somente depois de colocar diversos panos é que se torna possível enxergá-la e compreendê-la, ao menos uma parte dela. Essa metáfora explica bem a constituição do símbolo máximo do conhecimento cabalístico, a "Árvore da Vida".
Popularização e documentação
A Cabala permaneceu restrita ao círculo judaico, tratada como um saber secreto e de elite, durante centenas de anos. Seus ensinamentos só poderiam ser recebidos por aqueles que atingissem o quarto nível de interpretação da Torá. O primeiro estágio (Peshat) era simples. Todos os judeus tinham de passar por ele e aprender as leis que disciplinam seu comportamento social, ético e religioso. O segundo (Remez) mostrava o que havia por trás do significado literal. No terceiro nível (Derush), o iniciado descobria que as informações sobre a criação do mundo estavam escondidas sob metáforas e analogias. E só então estava habilitado a entender o quarto e último nível (Sod), obviamente o mais aprofundado. Todo esse preparo levava muito tempo e, por isso, o seleto grupo de iniciados costumava ser formado por homens com mais de 40 anos.
No século 13, um grupo de cabalistas espanhóis começou a se preocupar com o risco de a tradição se perder e decidiu registrá-la. A publicação do Zohar – “O Livro do Esplendor” (ainda hoje considerado a obra mais importante da Cabala) sinalizava, pela primeira vez, uma tentativa concreta de popularizar esse saber ancestral. Nessa época, o clima na Espanha era favorável ao florescimento da mística judaica. Apesar de boa parte da Europa ser cristã, a Península Ibérica estava sob o domínio dos árabes desde o século 8. "Muçulmanos instalados na atual Espanha conviviam bem com outras culturas e religiões", conta o professor José Alves de Freitas Neto, do Departamento de História da Unicamp. Graças a essa tolerância, a Cabala encontrou um campo fértil para se difundir.
Mas, a partir daí, ainda se passariam 300 anos para que ela começasse a se popularizar. Em 1492, a paz na Península Ibérica foi quebrada e os reis da Espanha expulsaram do país todos que não estivessem dispostos a colaborar com a consolidação de um Estado cristão. Essa nova diáspora reacendeu o risco de não somente a mística, mas toda a tradição judaica se perder com a dispersão do seu povo pelo mundo. Na tentativa de garantir a continuidade da sabedoria, os cabalistas se estabeleceram em um novo centro, na cidade de Safed, em Israel. Lá surgiu uma das figuras mais importantes da Cabala moderna: Isaac Luria.
Inspirado no Zohar, Luria fez uma releitura da sabedoria místico-judaica, criando a Cabala Luriânica, cujos ensinamentos continuam impressionantemente atuais. Seus seguidores acreditam que algumas das descobertas da ciência no século 20 já tinham sido reveladas por Luria 400 anos antes. "Ele já afirmava, no século 16, que o Universo nasceu a partir de um único ponto de luz, que se fragmentou. Apesar da diferença de denominação - os físicos chamam esse ponto de luz de matéria ou energia - é uma explicação bastante semelhante à teoria de criação do Universo conhecida como o ‘Big-Bang’", escreveu o rabino Yehuda Berg, do Kabbalah Centre de Los Angeles.
Para ele, a Cabala também encontrou, antes da psicanálise, a resposta para uma das maiores indagações da humanidade: a razão do sofrimento. De acordo com a sabedoria mística judaica, a dor e a tristeza servem para impedir que o nosso ego cresça a um ponto que impeça o nosso crescimento espiritual.
"Neste momento (quando o ego se inflama), você deixa de praticar atitudes que poderiam ajudar a melhorar o mundo e passa a ter apenas preocupações mesquinhas, como comprar um carro mais legal do que o de seu vizinho" - Rabino Yehuda Berg
Para os cabalistas, esses conhecimentos já existiam na Torá, só que codificados. Tudo o que eles fizeram foi interpretá-los da maneira certa.
"Como o olho físico, que manda uma imagem invertida ao cérebro, a Torá mostra suas histórias de cabeça para baixo. Somente a Cabala pode reverter a imagem e nos apresentar a verdadeira compreensão e o verdadeiro significado espiritual" - Rabino Rav Berg (‘A Torá Segundo a Cabala’)
Uma passagem da escritura judaica, contando que Deus ordenou a morte dos habitantes da nação inimiga Amalek, seria um exemplo de como os ensinamentos precisam de decodificação. "É uma instrução controversa à luz do mandamento 'não matarás'. A Cabala explica essa aparente contradição. O Zohar mostra que a palavra ‘Amalek’ tem o mesmo valor numérico que a palavra em hebraico para ‘Incerteza’", escreveu Rav Berg. Ou seja, para ele, a mensagem de Deus é para que "matemos" as nossas próprias incertezas. Para ler a explanação completa do rabino, clique aqui.
Cabala hoje
Mesmo depois dos ensinamentos cabalísticos terem sido passados para o papel, seu estudo ainda era restrito. "Formou-se um sistema filosófico e místico tão complexo que já não se tornava necessário cuidar para que poucos o penetrassem, pois só poucos estariam mesmo capacitados para isso", diz o verbete "Cabala" do “Dicionário Histórico das Religiões”.
Hoje já não é mais assim. Alguns cabalistas têm se esforçado em traduzir para uma linguagem bem simples os ensinamentos místicos judaicos. O irmãos Berg (Yehuda e Rav) são expoentes desse grupo, que busca mostrar aplicações práticas dessa sabedoria para pessoas comuns enfrentarem os desafios da vida. No livro “Os 72 Nomes de Deus”, Yehuda Berg ensina a usar determinadas combinações de letras hebraicas, que formam os chamados 72 Nomes de Deus, para nos ajudar a solucionar desde os efeitos negativos da inveja alheia sobre nossas vidas até casos complexos como infertilidade.
Essa tradução dos ensinamentos foi um fator decisivo na popularização da Cabala nas últimas décadas. Mas, para os cabalistas, ela já estava prevista. "O Zohar já dizia que 'as portas do conhecimento se abririam', ou seja, que a sabedoria da Cabala se expandiria", diz o Rabino Nathan Silberstein, de São Paulo.
Mas a Cabala não foi a única sabedoria mística a se popularizar no século 21. Para Leandro Karnal, chefe do Departamento de História da Unicamp e mestre em Ciências da Religião, diversos movimentos místicos emergiram nos últimos anos como fruto da insatisfação do homem com a religião, que institucionalizou a fé. "O Padre, o Rabino ou qualquer outro chefe de instituição religiosa passaram a ser 'intermediários' entre o homem e Deus. Aquela comunicação direta descrita nas escrituras sagradas desapareceu", diz ele. Em meio à debandada de fiéis, a mística tem desempenhado papel fundamental: ela aproxima o homem de Deus, de forma menos dogmática e severa. Mas nem todo mundo vê com bons olhos a maneira como alguns pregam essa popularização.
"É preciso tomar cuidado. Uma coisa é você querer que as pessoas tenham acesso à informação e ensinar a elas como fazer isso. Outra é você simplificar esse conhecimento a ponto de gerar interpretações deturpadas ou errôneas. - Rabino Nathan Silberstein.
"Ainda pior, os sábios nos dizem que se alguém simplesmente aceita a Torá
literalmente - lendo-a com uma postura mental religiosa ao invés de se conectar com ela num nível espiritual - a Torá se tornará um veneno" - Rabino Rav Berg
Num mundo de poucas certezas e muitas falsas promessas de fórmulas mágicas, para algumas pessoas a Cabala tem servido como uma espécie de "bússola". Confiar ou não na direção apontada por ela é, como sempre, uma escolha individual.
Fontes e bibliografia:
Kabbalah Centre;
Profº Shmuel Lemle;
Profª Cristiane Boog;
Superinteressante ed. 214, revisado.
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