"Porque este Melquisedeque, rei de Salem, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da vitória contra os reis, e o abençoou, a quem também Abraão separou o dízimo de tudo; sendo primeiramente, por interpretação do seu nome, 'Rei de Justiça', e depois também 'Rei de Salem', que é 'Rei de Paz'; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre." - Hebreus, 7:1-3
Quem é este, que abençoa até mesmo ao grande Abraão? A quem o próprio Abraão chega a lhe oferecer o dízimo? Que é chamado "Rei de Salem" e "Rei de Paz"? Quem é este, do qual se diz que não teve pai nem mãe e nem começo nem fim? Quem é este, de quem se diz até que é semelhante ao próprio Filho de Deus??
Melquisedeque, ou (em outras transliterações possíveis) Melquisedec, Melchisedec, Melchisedek, Melchisedeque, Melkisedec, etc, etc... É um dos mais misteriosos personagens que aparecem no Antigo Testamento da Bíblia. Menções a ele são encontradas em três passagens do texto bíblico: 1) Em Gênesis 14:18, quando recebe o dízimo de Abraão e o abençoa. 2) No Salmo 110, quando a Voz de Deus profetiza o Messias como "Sacerdote para sempre, segundo a Ordem de Melquisedec". 3) Por diversas vezes na Carta aos Hebreus, quando Paulo escreve um tratado onde afirma que Jesus, em sendo Rei e Sacerdote Filho da tribo de Judá (que tem a primazia do reinado), não segue o sacerdócio de Levi, exclusivo da tribo de Levi, concluindo que Jesus é Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedec, anterior ao sacerdócio levítico.
Devido à natureza profundamente misteriosa deste personagem da Bíblia, algumas correntes místicas e até alguns religiosos ortodoxos de tendência mística atribuem a Melquisedeque variadas funções espirituais relacionadas ao destino do nosso planeta.
As alusões a Melquisedeque, "Rei de Paz", "Rei de Salém" e "Sacerdote do Deus Altíssimo", segundo a tradição cristã, seriam figurações ou representações do próprio Cristo, pois é com ele que surge pela primeira vez a celebração com o pão e o vinho, numa espécie de prenúncio do Sacerdócio de Jesus. Alguns arriscam interpretar Melquisedeque como manifestação de "Corpo Espiritual" do Divino, o qual é chamado "o Verbo", o "Espírito Santo" ou "Anjo do Senhor". Se trataria, portanto, de uma manifestação do próprio Deus em Seu corpo imaterial, pois Ele teria muitos aspectos: Ânima, Espírito Eterno, Verbo, Corpo (Jesus)...
O livro de Hebreus declara que Jesus também é Sumo Sacerdote (Hebreus 2:17; 3:1; 4:14). O profeta Zacarias predisse que Jesus seria um sacerdote em seu Trono, isto é, assim como Melquisedeque, Jesus seria tanto Sacerdote quanto Rei ao mesmo tempo (Zacarias 6:12-13). Jesus nasceu judeu, descendente de Davi e, assim, da linhagem da tribo de Judá. Contudo, Deus escolheu os descendentes de Levi para serem sacerdotes. Assim Jesus, vivendo sob a Lei de Moisés, poderia ser rei porque era da tribo real (Judá) e ainda mais da de Davi (2 Samuel 7:12-16; Atos 2:29-31). Mas Jesus não poderia ser um sacerdote segundo a Lei de Moisés porque não era da tribo certa. O escritor de Hebreus afirma que Jesus era sumo sacerdote segundo uma ordem diferente, não segundo a ordem de Arão (ou da tribo de Levi), mas segundo a ordem de Melquisedeque (5:6,10; 6:20). Ele explica:
"Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? ...Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar; pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes" (Hebreus 7:11,13-14).
Mas porque Melquisedeque? Quem foi Melquisedeque? O escritor de Hebreus nota que ele foi tanto sacerdote como rei de Salém (outro nome de Jerusalém - Gênesis 14:18-20; Hebreus 7:1). Ele também observa que as escrituras do Velho Testamento dão a Melquisedeque a aparência de ser eterno. Assim, existem algumas semelhanças entre Melquisedeque e Jesus. Melquisedeque parece continuar para sempre como sacerdote, porque as Escrituras nunca registram sua morte. Jesus, sendo divino, vive e serve para sempre como Sacerdote (Hebreus 7:23-25). Melquisedeque era tanto rei quanto sacerdote ao mesmo tempo (o que seria impossível sob a Lei de Moisés). Jesus é tanto rei como sacerdote ao mesmo tempo, em cumprimento à profecia de Zacarias.
Historicamente, o que se sabe é que Melquisedeque foi rei de Salem antigo - nome dado à cidade de Jerusalém ou região onde os descendentes de Sem (um dos filhos de Noé) habitavam logo depois do dilúvio. O fato de nas Escrituras Melquesedeque aparecer abençoando Abraão demonstra que na época era ele o principal representante de Deus na Terra, o portador da devida autoridade para abençoar, inclusive a um grande líder como Abraão ... Como um dos nomes dado ao povo de Israel era "semitas", é provavel que este Melquisedeque fosse o próprio Sem ...
A importância da figura de Melquisedeque ainda é tão grande, que no dia da ordenação dos padres católicos, no ritual sacerdotal consta uma parte na qual o bispo ordenante diz: "Tu és 'Sacerdoce in Aeternum Secundum Ordinem Melchisedec.'” - “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Convém lembrar também que Melquisedeque, sendo rei e sacerdote, reúne em si mesmo as duas formas do poder: o temporal e o espiritual. Segundo o esoterista René Guénon e sua escola, Melquisedeque representaria a Tradição Primordial da qual derivam todas as tradições espirituais manifestadas na História, e apresenta algumas formas equivalentes em diferentes tradições. Segundo essa linha de raciocínio, Melquisedeque, na Índia, corresponderia ao "Chakravartin" (Rei Universal) das tradições indiana e budista; seria também o soberano do reino oculto de "Shamballah" ou Agartha. Na tradição budista Terra Pura, a mais mística, ele corresponderia ao Buda Lokesvara-Raja (Senhor Rei Universal), Mestre Iluminado do Buda Amitabha ou Amida. - O culto à Lokesvara existiu entre os Khmers do Camboja, que construiram gigantescas estátuas de pedra em sua honra na sua antiga capital Angkor. Outra figura relacionada com Melquisedeque é o "Prestes John" das lendas medievais, um misterioso rei-sacerdote cristão que reinaria no Oriente, geralmente identificado com o Imperador da Abissínia ou Etiópia... Melquisedeque é um ser ainda mais enigmático que Apolônio de Tiana (filósofo grego neo-pitagórico sobre quem pretendo falar em momento oportuno).
Na obra gnóstica alexandrina “Pistis Sophia” (tema de uma próxima postagem neste blog), Melquisedeque é citado como “Grande Recebedor da Luz Eterna”. Ele recebe a Luz inteligível, por um Raio emanado diretamente do Princípio para refletir no mundo, seu domínio. Por isso também é chamado "Filho do Sol".
A Ordem de Melquisedeque é também conhecida pelo nome de "Ordem do Sacerdócio Real", ou "Ordem da Justiça Divina", pois Melquisedeque representa a Superior Justiça Divina na Terra, o Reino da Eterna Paz. Ordens esotéricas vêem em Melquisedeque um Ser que sempre esteve presente neste planeta em todos os ciclos de civilização, sendo, portanto a manifestação perene do próprio Poder Superior na Terra.
Alguns místicos orientais, ainda, afirmam que Melquisedeque é quem exerce a função de "Governo Oculto" da Terra no “Santo Shambhala”. Como afirma Michel Coquet:
“Melquisedeque é Sanat-Kumara – o que ocupa o mais elevado lugar sagrado de nosso planeta, onde se encontra a Tradição Primordial, o lugar onde o desígnio de Deus é conhecido...”
Diz René Guénon, baseado em suas pesquisas e no que disse Saint Yves d'Alveydre num livro intitulado "Missão da Índia", publicado pela primeira vez em 1910 na França:
“O nome Melquisedeque, ou mais exatamente ‘Melki-Tsedeq’, não é outra coisa que não o nome sob o qual a própria função de ‘Rei’ se encontra expressamente designada na tradição Judaico Cristã.”
A tradição indiana, citada por René Guénon, em sua obra "O Rei do Mundo", diz:
“Ele é Manu - esse homem vivo, Melki-Tsedeq, é Manu; que continua, com efeito, perpetuamente, isto é, por toda a duração do seu ciclo (Manvantara), ou do mundo que ele rege especialmente. É por isso que ele não tem genealogia, porque a sua origem é não humana, visto que ele próprio é o protótipo do homem. E realmente ele foi feito à semelhança do Filho de Deus, visto que, pela Lei que formula, é para esse mundo a expressão e a própria imagem do Verbo Divino”.
Ainda segundo as tradições da Mongólia, da Índia, do Tibet e de outros povos orientais, Melquisedeque ou Melk-Tjedec (Dharma-Râja) vive em uma cidade conhecida como "Agartha", segundo muitos situada no Himalaia. O reino sagrado de Agartha seria dirigido por Melquisedeque, mas há fontes que o colocam num nível ainda mais elevado. - Assim, uma pessoa só poderia chegar até onde reina Melquisedeque sendo conduzida, já que é impossível ao homem encontrar por si mesmo o seu acesso; não se trataria de um local físico na Terra e sim um plano sutil no nível terrestre.
Em muitas ocasiões o nome de Melquisedeque esteve ligado a um outro grande enigma, o do também legendário "Prestes John" ou "Prestes João", tido como "dirigente da humanidade" (outro tema para um planejado próximo post). Durante a Idade Média muito se falava de um grande reino dirigido por um ser de grande sabedoria chamado Prestes John. O período em que mais se falou desse reino foi à época de São Luís, nas viagens de Carpin e de Rubruquis. Segundo contam inúmeras histórias, teriam havido quatro personagens que usaram esse título: no Tibet, na Mongólia, na Índia e na Etiópia; que seriam quatro representações de um mesmo poder. Diz um mito que, quando de suas conquistas territoriais, Gengis-Khan tentou atacar o Reino de Prestes John, ele foi repelido por um raio que quase aniquilou por completo seu exército.
A visão judaica - por Chai Mendel - judeu praticante e estudioso da Torá
"Melquisedeque" é a tradução aportuguesada de "Malki Tsedek", que significa "Rei Justo". Esse titulo nosso personagem tinha por causa da sua sabedoria que era grande, ao mesmo tempo esse personagem é tratado como se fosse um sacerdote!
Até o dia que o patriarca Avraham (Abraão) foi visitar esse homem e conhecer sua sabedoria, mas por quê? Porque Avraham ouviu dizer que nosso personagem Rei Justo tinha conhecimento de uma tradição que falava de um único D-us. E Avraham queria saber se a Força (EL) que manifestou-se a ele era o mesmo que Malki Tsedek acreditava.
Foi Malki Tsedek quem falou do Mabul (Dilúvio), falou de um homem chamado Noah (Noé) e de toda a tradição que esse homem sabia. E Malki Tsedek falava de um rapaz cujo pai chamava de Shem (na Torá isso significa Boa Reputação). O Personagem de Boa Reputação ficou famoso depois que teve filhos e netos e bisnetos... Mas as soas foram esquecendo da a mensagem do pai de Shem (Noah), e o mundo voltou àidolatria. Então Shem decidiu montar uma escola para preservar todo aquele conhecimento. Essa escola se tornou um pequeno reino de justiça num mundo repleto de violência. Seu lider era chamado de Rei pois quando ele dava sua palavra ele não voltava atrás.... E o monte onde ficava a escola de Shem se chamava Montanha da Paz (Har Shalem) inicialmente. O Nome Shem foi esquecido e o apelido Rei Justo ficou.....
E ai você tem a verdade, Malki Tsedek era Shem, filho de Noah. Por isso Abraham passou a morar perto dele, por isso Isaque vez o mesmo com sua esposa e filhos e por isso Jacó estudou com ele... E por isso todos os descendentes de Jacó, mesmo na escravidão no Egito, mantiveram o conhecimento de Shem. Pois no passado Noah foi relapso em mostrar para a humanidade os erros que levaram ao Mabul, e Shem estava decidido a não cometer mais o mesmo erro. Ele finalmente encontrou pessoas que queriam saber da sua mensagem e preservá-la, por isso ele não iria abrir mão de ensinar aquela gente que descendia de um antigo amigo dele chamado Avraham, e que teve uma experiencia com as Forças que se manifestaram ao seu pai no passado.
Muitas passagens das Escrituras Hebraicas indicam que Shem era Malki Tsedek. Mas seria necessário vc conhecer o mínimo de hebraico para percebê-las; e antes disso seria interessante você conhecer a real mensagem das escrituras hebraicas para não criar dúvidas.
***
A título de curiosidade, procurei expor, nessa postagem, as principais, dentre as mais diversas teorias a respeito da dificílima figura de Melquisedeque. É importante compreender que, apesar e além de todas as teorias e especulações mirabolantes, tudo que temos de concreto a respeito do misterioso personagem são as esparsas e curtas menções bíblicas sobre ele. - Escritos feitos, portanto, há no mínimo 4.000 anos. - Obviamente, qualquer tentativa de estabelecer significações exatas ao seu respeito seriam, no mínimo, muito difíceis e arriscadas. O que estimula ainda mais a imaginação e a curiosidade dos pesquisadores (e 'aventureiros' de plantão) é justamente o fato de o texto bíblico não especificar praticamente nada, não trazer nenhum detalhe da vida e da obra de um personagem assim tão poderoso e importante, a ponto de ser dito que sua vida não teve nem começo e nem teria fim e que seria semelhante ao Filho de Deus. Um Ser tão importante que o próprio Jesus Cristo, Filho do Altíssimo e figura central dos Evangelhos e em todo o contexto bíblico, seria chamado Sumo Sacerdote da sua Ordem...
> Dedicado, com carinho, ao meu amigo "Gugu".
Fontes e bibliografia:
Profº Allen Dvorak
EstudosdaBíblia.Net
Profº José Laércio do Egito;
Profº João Paulo Nunes do Egito;
“Luzes da Grande Fraternidade Branca” Michel Coquet (Madras).
( comentários
Quem é este, que abençoa até mesmo ao grande Abraão? A quem o próprio Abraão chega a lhe oferecer o dízimo? Que é chamado "Rei de Salem" e "Rei de Paz"? Quem é este, do qual se diz que não teve pai nem mãe e nem começo nem fim? Quem é este, de quem se diz até que é semelhante ao próprio Filho de Deus??
Melquisedeque, ou (em outras transliterações possíveis) Melquisedec, Melchisedec, Melchisedek, Melchisedeque, Melkisedec, etc, etc... É um dos mais misteriosos personagens que aparecem no Antigo Testamento da Bíblia. Menções a ele são encontradas em três passagens do texto bíblico: 1) Em Gênesis 14:18, quando recebe o dízimo de Abraão e o abençoa. 2) No Salmo 110, quando a Voz de Deus profetiza o Messias como "Sacerdote para sempre, segundo a Ordem de Melquisedec". 3) Por diversas vezes na Carta aos Hebreus, quando Paulo escreve um tratado onde afirma que Jesus, em sendo Rei e Sacerdote Filho da tribo de Judá (que tem a primazia do reinado), não segue o sacerdócio de Levi, exclusivo da tribo de Levi, concluindo que Jesus é Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedec, anterior ao sacerdócio levítico.
Devido à natureza profundamente misteriosa deste personagem da Bíblia, algumas correntes místicas e até alguns religiosos ortodoxos de tendência mística atribuem a Melquisedeque variadas funções espirituais relacionadas ao destino do nosso planeta.
As alusões a Melquisedeque, "Rei de Paz", "Rei de Salém" e "Sacerdote do Deus Altíssimo", segundo a tradição cristã, seriam figurações ou representações do próprio Cristo, pois é com ele que surge pela primeira vez a celebração com o pão e o vinho, numa espécie de prenúncio do Sacerdócio de Jesus. Alguns arriscam interpretar Melquisedeque como manifestação de "Corpo Espiritual" do Divino, o qual é chamado "o Verbo", o "Espírito Santo" ou "Anjo do Senhor". Se trataria, portanto, de uma manifestação do próprio Deus em Seu corpo imaterial, pois Ele teria muitos aspectos: Ânima, Espírito Eterno, Verbo, Corpo (Jesus)...
O livro de Hebreus declara que Jesus também é Sumo Sacerdote (Hebreus 2:17; 3:1; 4:14). O profeta Zacarias predisse que Jesus seria um sacerdote em seu Trono, isto é, assim como Melquisedeque, Jesus seria tanto Sacerdote quanto Rei ao mesmo tempo (Zacarias 6:12-13). Jesus nasceu judeu, descendente de Davi e, assim, da linhagem da tribo de Judá. Contudo, Deus escolheu os descendentes de Levi para serem sacerdotes. Assim Jesus, vivendo sob a Lei de Moisés, poderia ser rei porque era da tribo real (Judá) e ainda mais da de Davi (2 Samuel 7:12-16; Atos 2:29-31). Mas Jesus não poderia ser um sacerdote segundo a Lei de Moisés porque não era da tribo certa. O escritor de Hebreus afirma que Jesus era sumo sacerdote segundo uma ordem diferente, não segundo a ordem de Arão (ou da tribo de Levi), mas segundo a ordem de Melquisedeque (5:6,10; 6:20). Ele explica:
"Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? ...Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar; pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes" (Hebreus 7:11,13-14).
Mas porque Melquisedeque? Quem foi Melquisedeque? O escritor de Hebreus nota que ele foi tanto sacerdote como rei de Salém (outro nome de Jerusalém - Gênesis 14:18-20; Hebreus 7:1). Ele também observa que as escrituras do Velho Testamento dão a Melquisedeque a aparência de ser eterno. Assim, existem algumas semelhanças entre Melquisedeque e Jesus. Melquisedeque parece continuar para sempre como sacerdote, porque as Escrituras nunca registram sua morte. Jesus, sendo divino, vive e serve para sempre como Sacerdote (Hebreus 7:23-25). Melquisedeque era tanto rei quanto sacerdote ao mesmo tempo (o que seria impossível sob a Lei de Moisés). Jesus é tanto rei como sacerdote ao mesmo tempo, em cumprimento à profecia de Zacarias.
Historicamente, o que se sabe é que Melquisedeque foi rei de Salem antigo - nome dado à cidade de Jerusalém ou região onde os descendentes de Sem (um dos filhos de Noé) habitavam logo depois do dilúvio. O fato de nas Escrituras Melquesedeque aparecer abençoando Abraão demonstra que na época era ele o principal representante de Deus na Terra, o portador da devida autoridade para abençoar, inclusive a um grande líder como Abraão ... Como um dos nomes dado ao povo de Israel era "semitas", é provavel que este Melquisedeque fosse o próprio Sem ...
A importância da figura de Melquisedeque ainda é tão grande, que no dia da ordenação dos padres católicos, no ritual sacerdotal consta uma parte na qual o bispo ordenante diz: "Tu és 'Sacerdoce in Aeternum Secundum Ordinem Melchisedec.'” - “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Convém lembrar também que Melquisedeque, sendo rei e sacerdote, reúne em si mesmo as duas formas do poder: o temporal e o espiritual. Segundo o esoterista René Guénon e sua escola, Melquisedeque representaria a Tradição Primordial da qual derivam todas as tradições espirituais manifestadas na História, e apresenta algumas formas equivalentes em diferentes tradições. Segundo essa linha de raciocínio, Melquisedeque, na Índia, corresponderia ao "Chakravartin" (Rei Universal) das tradições indiana e budista; seria também o soberano do reino oculto de "Shamballah" ou Agartha. Na tradição budista Terra Pura, a mais mística, ele corresponderia ao Buda Lokesvara-Raja (Senhor Rei Universal), Mestre Iluminado do Buda Amitabha ou Amida. - O culto à Lokesvara existiu entre os Khmers do Camboja, que construiram gigantescas estátuas de pedra em sua honra na sua antiga capital Angkor. Outra figura relacionada com Melquisedeque é o "Prestes John" das lendas medievais, um misterioso rei-sacerdote cristão que reinaria no Oriente, geralmente identificado com o Imperador da Abissínia ou Etiópia... Melquisedeque é um ser ainda mais enigmático que Apolônio de Tiana (filósofo grego neo-pitagórico sobre quem pretendo falar em momento oportuno).
Na obra gnóstica alexandrina “Pistis Sophia” (tema de uma próxima postagem neste blog), Melquisedeque é citado como “Grande Recebedor da Luz Eterna”. Ele recebe a Luz inteligível, por um Raio emanado diretamente do Princípio para refletir no mundo, seu domínio. Por isso também é chamado "Filho do Sol".
A Ordem de Melquisedeque é também conhecida pelo nome de "Ordem do Sacerdócio Real", ou "Ordem da Justiça Divina", pois Melquisedeque representa a Superior Justiça Divina na Terra, o Reino da Eterna Paz. Ordens esotéricas vêem em Melquisedeque um Ser que sempre esteve presente neste planeta em todos os ciclos de civilização, sendo, portanto a manifestação perene do próprio Poder Superior na Terra.
Alguns místicos orientais, ainda, afirmam que Melquisedeque é quem exerce a função de "Governo Oculto" da Terra no “Santo Shambhala”. Como afirma Michel Coquet:
“Melquisedeque é Sanat-Kumara – o que ocupa o mais elevado lugar sagrado de nosso planeta, onde se encontra a Tradição Primordial, o lugar onde o desígnio de Deus é conhecido...”
Diz René Guénon, baseado em suas pesquisas e no que disse Saint Yves d'Alveydre num livro intitulado "Missão da Índia", publicado pela primeira vez em 1910 na França:
“O nome Melquisedeque, ou mais exatamente ‘Melki-Tsedeq’, não é outra coisa que não o nome sob o qual a própria função de ‘Rei’ se encontra expressamente designada na tradição Judaico Cristã.”
A tradição indiana, citada por René Guénon, em sua obra "O Rei do Mundo", diz:
“Ele é Manu - esse homem vivo, Melki-Tsedeq, é Manu; que continua, com efeito, perpetuamente, isto é, por toda a duração do seu ciclo (Manvantara), ou do mundo que ele rege especialmente. É por isso que ele não tem genealogia, porque a sua origem é não humana, visto que ele próprio é o protótipo do homem. E realmente ele foi feito à semelhança do Filho de Deus, visto que, pela Lei que formula, é para esse mundo a expressão e a própria imagem do Verbo Divino”.
Ainda segundo as tradições da Mongólia, da Índia, do Tibet e de outros povos orientais, Melquisedeque ou Melk-Tjedec (Dharma-Râja) vive em uma cidade conhecida como "Agartha", segundo muitos situada no Himalaia. O reino sagrado de Agartha seria dirigido por Melquisedeque, mas há fontes que o colocam num nível ainda mais elevado. - Assim, uma pessoa só poderia chegar até onde reina Melquisedeque sendo conduzida, já que é impossível ao homem encontrar por si mesmo o seu acesso; não se trataria de um local físico na Terra e sim um plano sutil no nível terrestre.
Em muitas ocasiões o nome de Melquisedeque esteve ligado a um outro grande enigma, o do também legendário "Prestes John" ou "Prestes João", tido como "dirigente da humanidade" (outro tema para um planejado próximo post). Durante a Idade Média muito se falava de um grande reino dirigido por um ser de grande sabedoria chamado Prestes John. O período em que mais se falou desse reino foi à época de São Luís, nas viagens de Carpin e de Rubruquis. Segundo contam inúmeras histórias, teriam havido quatro personagens que usaram esse título: no Tibet, na Mongólia, na Índia e na Etiópia; que seriam quatro representações de um mesmo poder. Diz um mito que, quando de suas conquistas territoriais, Gengis-Khan tentou atacar o Reino de Prestes John, ele foi repelido por um raio que quase aniquilou por completo seu exército.
A visão judaica - por Chai Mendel - judeu praticante e estudioso da Torá
"Melquisedeque" é a tradução aportuguesada de "Malki Tsedek", que significa "Rei Justo". Esse titulo nosso personagem tinha por causa da sua sabedoria que era grande, ao mesmo tempo esse personagem é tratado como se fosse um sacerdote!
Até o dia que o patriarca Avraham (Abraão) foi visitar esse homem e conhecer sua sabedoria, mas por quê? Porque Avraham ouviu dizer que nosso personagem Rei Justo tinha conhecimento de uma tradição que falava de um único D-us. E Avraham queria saber se a Força (EL) que manifestou-se a ele era o mesmo que Malki Tsedek acreditava.
Foi Malki Tsedek quem falou do Mabul (Dilúvio), falou de um homem chamado Noah (Noé) e de toda a tradição que esse homem sabia. E Malki Tsedek falava de um rapaz cujo pai chamava de Shem (na Torá isso significa Boa Reputação). O Personagem de Boa Reputação ficou famoso depois que teve filhos e netos e bisnetos... Mas as soas foram esquecendo da a mensagem do pai de Shem (Noah), e o mundo voltou àidolatria. Então Shem decidiu montar uma escola para preservar todo aquele conhecimento. Essa escola se tornou um pequeno reino de justiça num mundo repleto de violência. Seu lider era chamado de Rei pois quando ele dava sua palavra ele não voltava atrás.... E o monte onde ficava a escola de Shem se chamava Montanha da Paz (Har Shalem) inicialmente. O Nome Shem foi esquecido e o apelido Rei Justo ficou.....
E ai você tem a verdade, Malki Tsedek era Shem, filho de Noah. Por isso Abraham passou a morar perto dele, por isso Isaque vez o mesmo com sua esposa e filhos e por isso Jacó estudou com ele... E por isso todos os descendentes de Jacó, mesmo na escravidão no Egito, mantiveram o conhecimento de Shem. Pois no passado Noah foi relapso em mostrar para a humanidade os erros que levaram ao Mabul, e Shem estava decidido a não cometer mais o mesmo erro. Ele finalmente encontrou pessoas que queriam saber da sua mensagem e preservá-la, por isso ele não iria abrir mão de ensinar aquela gente que descendia de um antigo amigo dele chamado Avraham, e que teve uma experiencia com as Forças que se manifestaram ao seu pai no passado.
Muitas passagens das Escrituras Hebraicas indicam que Shem era Malki Tsedek. Mas seria necessário vc conhecer o mínimo de hebraico para percebê-las; e antes disso seria interessante você conhecer a real mensagem das escrituras hebraicas para não criar dúvidas.
A título de curiosidade, procurei expor, nessa postagem, as principais, dentre as mais diversas teorias a respeito da dificílima figura de Melquisedeque. É importante compreender que, apesar e além de todas as teorias e especulações mirabolantes, tudo que temos de concreto a respeito do misterioso personagem são as esparsas e curtas menções bíblicas sobre ele. - Escritos feitos, portanto, há no mínimo 4.000 anos. - Obviamente, qualquer tentativa de estabelecer significações exatas ao seu respeito seriam, no mínimo, muito difíceis e arriscadas. O que estimula ainda mais a imaginação e a curiosidade dos pesquisadores (e 'aventureiros' de plantão) é justamente o fato de o texto bíblico não especificar praticamente nada, não trazer nenhum detalhe da vida e da obra de um personagem assim tão poderoso e importante, a ponto de ser dito que sua vida não teve nem começo e nem teria fim e que seria semelhante ao Filho de Deus. Um Ser tão importante que o próprio Jesus Cristo, Filho do Altíssimo e figura central dos Evangelhos e em todo o contexto bíblico, seria chamado Sumo Sacerdote da sua Ordem...
> Dedicado, com carinho, ao meu amigo "Gugu".
Fontes e bibliografia:
Profº Allen Dvorak
EstudosdaBíblia.Net
Profº José Laércio do Egito;
Profº João Paulo Nunes do Egito;
“Luzes da Grande Fraternidade Branca” Michel Coquet (Madras).
( comentários