quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Judaísmo - conclusão

O "menorah" - um dos mais conhecidos símbolos judaicos

Sinagoga

A sinagoga é o local das reuniões religiosas da comunidade judaica, hábito adquirido após a conquista de Judá pela Babilônia e a destruição do Templo de Jerusalém. Com a inexistência de um local de culto, cada comunidade desenvolveu seu local de reuniões, que após a construção do Segundo Templo tornou-se os centros de vida comunitária das comunidades da Diáspora. Na estrutura da sinagoga destaca-se o rabino, líder espiritual dentro da comunidade judaica e o chazan (cantor litúrgico).


Vida comunitária

"Vida comunitária judaica" é o como se chama a organização das diferentes comunidades judaicas no mundo. Há variações de locais e costumes, mas geralmente as comunidades contam com um sistema de regras comunais e religiosas, um conselho para julgamento e um centro comunal com local para estudo. No entanto, a família é considerada o principal elemento da vida comunitária, e ao lado do mandamento de Crescei e Multiplicai leva ao desestímulo de práticas ascéticas como o celibato, apesar da existência, através da História, de algumas correntes que promovessem esta renúncia.


Ciclo de vida judaico

# Brit milá é a cerimônia de boas-vindas aos bebés do sexo masculino à Aliança com D’us, através do ritual da circuncisão.

# Zeved habat é a cerimônia de boas-vindas aos bebés do sexo feminino na tradição sefaradi.

# B'nai Mitzvá é a celebração da transição da infância à maioridade, e por se tornar o "novo adulto" responsável, daí em diante, por seguir a "Halakhá" (literalmente 'Caminhar', é um conjunto de regras para a vida religiosa). É realizada, para as meninas, quando completam 12 anos, e para os meninos aos 13 anos.

# O Casamento Judaico, com todas os seus rituais de significado

# Luto - O judaísmo tem práticas de luto em várias etapas. À primeira etapa (observada durante uma semana) chama-se “Shiv'á”, à segunda etapa (observada durante um mês) chama-se “Sheloshim” e, para aqueles que perderam um dos progenitores, existe uma terceira etapa, a “Avelut Yod Bet Chódesh”, que é observada durante um ano.


Cherem

O Cherem é a mais alta censura eclesiástica na comunidade judaica. É a exclusão total da pessoa da comunidade judaica. Exceto em casos raros que tiveram lugar entre os judeus ultra-ortodoxos, o Cherem deixou de se praticar depois do iluminismo, quando as comunidades judaicas locais perderam a autonomia de que dispunham anteriormente e os judeus foram integrados nas nações gentias em que viviam.


Cultura judaica

A cultura judaica lida com os diversos aspectos culturais das comunidades judaicas, oriundos da prática do judaísmo, de sua integração aos diversos povos e culturas no mundo, assim como assimilação dos costumes destes. Entre os principais aspectos da cultura judaica podemos enfatizar os idiomas, as vestimentas e a alimentação (Cashrut).
Vestimentas - O judaísmo possui algumas tradições religiosas e culturais em relação à vestimentas, dentre as quais podemos destacar o “kipá”, os “tefilim”, o “talit” e o “tzitzit”. O kipá, espécie de pequeno chapeuzinho que os judeus usam na nuca, é um símbolo distintivo de Temor a D’us, usado principalmente pelos judeus rabínicos. “Tefilim” significa, literalmente, ‘prece’, e é o nome dado às duas caixinhas de couro dentro das quais está contido um pergaminho com quatro trechos da Torá (Êxodo 13:1-10 / Êxodo 13:11-16 / Deuteronômio 6:4-9 / Deuteronômio 11:13-21). Usando-se tiras de couro de animal “kasher” (‘puro’ ou ‘apropriado’), prende-se uma caixinha no braço esquerdo, para que fique próxima do coração (‘shel yad’), e enrola-se uma das tiras na mão esquerda, e a outra caixinha na testa, entre os olhos, (‘shel rosh’). O talit é um acessório religioso judaico em forma de um xale feito de seda, lã (mais caro e elegante que o de seda) ou linho, tendo em suas extremidades as tsitsiot (franjas). Ele é usado como uma cobertura na hora das preces judaicas,Tzitzit é o nome dado à franjas do talit, que servem como meio de lembrança dos mandamentos de Deus.


Calendário judaico

Baseados na Torá, a maior parte das ramificações judaicas segue o calendário lunar. O calendário judaico rabínico é contado desde 3761 a.C. O Ano Novo judaico, chamado “Rosh Hashaná”, acontece no primeiro ou no segundo dia do mês hebreu de “Tishri”, que pode cair em setembro ou outubro. Os anos comuns, com doze meses, podem ter 353, 354 e 355 dias, enquanto os bissextos, de treze meses, 383, 384 ou 385 dias.

Diversas festividades são baseados neste calendário: entre elas as de “Rosh Hashaná” (‘Ano Novo’), “Pessach” (‘Páscoa’), “Shavuót” (‘Festa das Colheitas’ ou ‘das Primícias’), “Yom Kipur” (‘Dia do Perdão’) e “Sucót” (‘Festival dos Tabernáculos’ ou ‘das Cabanas’). As diversas comunidades também seguem datas festivas ou de jejum e oração conforme suas tradições. Com a criação do Estado de Israel diversas datas comemorativas de cunho nacional foram incorporadas às festividades da maioria das comunidades judaicas.


Língua hebraica

O hebraico, o “Lashon haKodesh” (‘A Língua Sagrada’) é o principal idioma utilizado no judaísmo, utilizado como língua litúrgica durante séculos. Foi revivido como um idioma de uso corrente no século XIX e utilizado atualmente como idioma oficial no Estado de Israel. No entanto diversas comunidades judaicas utilizam outros idiomas cuja origem em sua maioria surgem da mistura do hebraico com idiomas locais.

Judeus ortodoxos oram diante do que restou do segundo Templo de Jerusalém


Crença messiânica e escatologia judaica

O termo “escatologia judaica” refere-se às diferentes interpretações judaicas dadas aos temas relacionados ao futuro: ainda que, segundo a Torá, este tema não seja tão desenvolvido no judaísmo primitivo, ele se desenvolveu após o retorno do Exílio em Babilônia. O profetismo e o nacionalismo judaico formariam a base da escatologia judaica. Os conceitos sobre o Messias e o “Olam Habá” (‘Mundo Vindouro’), para o qual os justos ressuscitarão e no qual todas as nações submeter-se-hão a YHWH e à Torá, e na qual Israel ocupará lugar de proeminência.


O Messias

Dentro do judaísmo, a doutrina do Messias é assunto que pode variar conforme a ramificação. Historicamente diversos personagens foram chamados de “Messias” (do hebraico ‘Ungido’), que não assume o mesmo sentido habitual do cristianismo no sentido de "Salvador”, digno de adoração. O conceito do Messias não aparece na Torá, e por isso mesmo recebe interpretações diferentes de acordo com cada ramificação.

A maior parte dos judeus crê no Messias como um homem judeu (em algumas ramificações é considerado que viria da tribo de Yehudá e da descendência do rei David) que reinará sobre Israel, reconstruirá a nação fazendo com que todos os judeus retornem à Terra Santa e unirá os povos em uma Era de paz e prosperidade sob o domínio de YHWH.

Algumas ramificações judaicas reformistas crêem, ainda, que a Era Messiânica não envolva necessariamente uma pessoa, mas sim que se trate de um período de paz, prosperidade e justiça na humanidade. Dão por isso particular importância ao conceito de "Tikkun Olam" (‘reparar o mundo’), ou seja, a prática de uma série de atitudes que conduzem a um mundo socialmente mais justo.

A Torá escrita

Os diversos eventos da história judaica levaram a uma valorização do estudo e da alfabetização dos membros da comunidade judaica. Na Diáspora, a busca de conexão com o judaísmo e a busca de não-assimilação com os costumes gentílicos (não-judeus) levaram a uma ênfase na necessidade da educação e alfabetização desde a infância, pelo que na maior parte das comunidades judaicas o analfabetismo é praticamente inexistente. Este pensamento levou à criação de uma vasta literatura, principalmente de uso religioso.
Dentro do judaísmo, a Escritura mais importante é a Torá, conforme estudado, o livro contendo a História da origem do mundo, do homem e do povo de Israel, assim como os Mandamentos de obediência a D’us. Para a maior parte das ramificações judaicas, acrescenta-se a história de Israel e as palavras dos profetas israelitas até a construção do Segundo Templo, com sua literatura relacionada, que compiladas na época do retorno de Babilônia, constituíram o que conhecemos como Tanakh, conhecido pelos não-judeus como Antigo Testamento.

Os judeus rabinitas crêem que Moisés recebeu, além da Torá escrita, uma tradição oral que serviria como um complemento da primeira, e que seria passada de geração em geração desde Moisés, e que viria a ser compilada no século IV d.C. como o Talmud. Os judeus caraítas recusam estes textos. No judaísmo, cada ramificação tem seus próprios textos e livros


Judaísmo hoje

No Judaísmo Reformista, as orações são, em geral, feitas na língua vernácula. Homens e mulheres desempenham o mesmo papel no culto. Na maior parte das nações ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido, Israel e África do Sul, muitos judeus secularizados deixaram há muito de participar nos deveres religiosos. Muitos deles lembram-se de ter tido avôs religiosos, mas cresceram em lares onde a educação e observância judaicas já não eram prioridade. Desenvolveram sentimentos ambivalentes no que toca aos seus deveres religiosos. Por um lado, tendem a agarrar-se às suas tradições por razões de identidade, mas por outro lado, as influências da mentalidade ocidental, vida quotidiana e pressões sociais tendem a afastá-los do judaísmo. Estudos recentes feitos em judeus americanos indicam que muitas pessoas que se identificam como de herança judaica já não se identificam enquanto membros da religião conhecida como judaísmo. As várias seitas judaicas nos EUA e no Canadá encaram este fato como uma situação de crise, e têm sérias preocupações com as crescentes taxas de casamentos mistos e assimilação entre a comunidade judaica. Uma vez que os judeus americanos têm vindo a casar mais tarde do que acontecia antigamente, têm vindo a ter menos filhos, e a taxa de nascimentos entre os judeus americanos desceu de mais de 2.0 para 1.7 - a taxa de substituição, isto é, o número necessário para que a quantidade atual se mantivesse, seria 2.1.

Mas, nos últimos 50 anos, todas as principais seitas judaicas tradicionais têm assistido um aumento de popularidade, com um número crescente de jovens judeus a participar na educação judaica, a aderir às sinagogas e a se tornarem (em graus diversos) mais observantes das tradições. Existe um artigo separado sobre o movimento "Baal Teshuva", o movimento dos judeus que regressam à observação do judaísmo.


Mais imagens sobre Judaísmo aqui.


Fontes e bibliografia:
Profº Gustavo Pamplona;
Profº J. Maurício Cavalcanti Sarinho;
“This is My Beloved, This is My Friend: A Rabbinic Letter on Intimate Relations”, 1996 - Elliot N. Dorff (The Rabbinical Assembly);
CaféTorah.Com;
VisãoJudaica.Com.


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