Claro que sorria! Ou você acha que ele
ficava sisudo nas festas que frequentava?
Para os cristãos, Jesus Cristo não é meramente uma pessoa importante que viveu e morreu há muito tempo. De acordo com as "Boas Novas" (Evangelhos), em especial o Evangelho segundo João, ele é o próprio Deus Criador,
"sem o qual nada do que foi feito se fez” (João 1); que encarnou como homem comum (ou quase) e viveu nesta Terra para nos ensinar quanto ao Caminho da Vida e, principalmente, ao final desta vida terrena, derramar o seu sangue para nos dar a vida eterna, resgatando a humanidade sofredora do poder do pecado, de Satanás e da morte. Ele está vivo hoje, agora, e é a nossa única possibilidade de alcançar a vida verdadeira: a santificada.
Segundo essa visão, aceitar ou rejeitar Jesus Cristo é simplesmente uma questão de vida ou morte.
“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 João 5,12). E não estamos falando
desta vida
neste mundo, apenas. Estamos falando da vida eterna de nossa alma imortal. Não há salvação por nenhum outro meio; porque
“debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual sejamos salvos” (Atos 4,12).
Segundo a mesma perspectiva, Jesus é o Cristo que preexistia antes de todas as coisas...
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.” - João 1,1-3
“Pois, nele, foram criadas todas as coisas....Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas...” - Colossenses 1:16, 17
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU.” - João 8:58
... E os Profetas predisseram a sua vinda:
"Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará 'Deus Conosco'.” - Isaías 7:14
“E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” - Miquéias 5:2
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim....” - Isaías 9:6, 7
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer....Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi trespassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades...” - Isaías 53:3, 4, 5
Mas independentemente de quaisquer das questões subjetivas da fé, é um fato que a ideia do Deus todo-poderoso, distante e abstrato do judaísmo, comum também a outras religiões ancestrais, foi definitivamente substituída pela do Pai Amoroso, bem real, próximo e presente, a partir da surpreendente vida de Jesus de Nazaré.
Biografia do personagem histórico Jesus, chamado Cristo
Judeu da Galiléia, nascido em Belém, cidade da Judéia meridional, nos últimos anos do reinado de Herodes o Grande, quando Roma dominava a Palestina e Augusto era o imperador. Independente da ótica religiosa, ele produziu uma das mais profundas alterações na história das civilizações, seja por meio da sua imagem mística de “Filho de Deus” ou como profeta, moralista, revolucionário ou outra das muitas facetas a ela atribuídas.
Problemas de dataçãoO aparente paradoxo sobre o ano de seu nascimento deve-se a um erro de datação creditado a um monge romano. - No ano 531 da nossa era, um abade romano chamado Dionísio Exíguo, ‘o Pequeno’, escreveu uma carta a um certo bispo Petrônio, reclamando do calendário usado para registrar as datas calculadas para a Páscoa. O ano era '
247 anno Diocletiani' (ano de Diocleciano), e lembrava a morte dos mártires cristãos perseguidos pelo imperador romano Diocleciano. Dionísio argumentou que tal calendário lembrava um imperador famoso pela perseguição dos cristãos, e que seria preferível
"contar os anos a partir da Encarnação de Nosso Senhor". Dionísio então calculou que o nascimento de Jesus Cristo acontecera exatamente 531 anos antes. A esse ano ele chamou de 'ano I', ou
“Il anno Domini nostri Jesu Christi” - Ano de Nosso Senhor Jesus Cristo. - A carta, assinada em 531 aD ('
anno Domini': 'Ano do Senhor') ou dC ('depois de Cristo'), iniciou a contagem de anos que até hoje utilizamos.
Mas, infelizmente, os cálculos de Dionísio estavam errados... A precisa data real do nascimento de Cristo é, até hoje, desconhecida. Os evangelistas não datavam as suas obras e as únicas referências disponíveis são os fatos históricos relatados e datados pelos romanos, que utilizavam o calendário estabelecido por Júlio César em 46 aC. - O calendário romano começava em 753 aC, data da suposta fundação de Roma. - Para os romanos, o ano 1 dC era 753 A.U.C. (
'Anno Urbis Conditae' - ano da fundação da cidade).
O Evangelho de Mateus afirma que Jesus nasceu na época de Herodes, o Grande, que segundo os registros históricos romanos morreu em 749 A.U.C., ou seja, 4 aC. Isto quer dizer que Cristo nasceu pelo menos 4 anos “antes de Cristo”, isto é, a partir de 4 aC. - Para muitos estudiosos, o nascimento ocorreu entre 5 e 4 aC. Assim, o ano 2.000 do nosso calendário, contado a partir do que seria o verdadeiro ano do Senhor, já se passou, e ocorreu provavelmente entre 1996/97.
Quanto ao 25 de Dezembro, este só foi fixado como a data de celebração do nascimento de Cristo quando já eram passados mais de quatro séculos da nossa era, - em 440 dC, - numa medida para converter ao cristianismo a festa pagã que se realizava naquele dia. - O objetivo da Igreja era fazer com que os romanos abandonassem os festejos em honra ao deus Mitra, o
‘Sol Invictus’, para celebrar o nascimento de Jesus, a um só tempo Filho de Deus e único Deus verdadeiro: trocar a celebração de um ídolo pela celebração do nascimento do Filho do Deus Vivo.
Um dado curioso: o episódio bíblico da visita dos magos teria ocorrido cerca de 8 meses depois do nascimento de Jesus, ou precisamente em 19/12/06 aC. Essa data exata justificaria inclusive a menção à ‘Estrela Guia’, por uma conjunção planetária identificada em estudos astronômicos modernos.
Os Evangelhos
O principal testemunho sobre a vida e a doutrina de Jesus está contido nos quatro evangelhos denominados canônicos, que constituem a base da fé cristã. Ali estão relatadas as suas palavras e atos, e também as reações do povo ao que ele dizia e fazia. Aceita-se que tenham sido escritos originalmente em grego, se bem que existam sólidas evidências de que o de Mateus possa provir de um texto aramaico anterior. Há muita controvérsia com relação à época em que foram escritos os Evangelhos, e nós voltaremos a este assunto: muitos pesquisadores respeitados consideram o de Marcos anterior ao ano 80, outros o encaixam num período entre 20 e 25. - Mas entre os especialistas há também aqueles que consideram os Evangelhos como registros quase jornalísticos, produzidos como uma espécie de diário
'online' da vida de Jesus, tendo sido escritos enquanto os fatos aconteciam. – Embora a maioria dos estudiosos rejeite essa última tese, existem evidências bem interessantes nesse sentido, como o célebre “Papiro de Jesus”, descoberto por um pesquisador inglês no século 19. - Esta é uma outra história a ser contada. Para os interessados no assunto, há
um documentário bem detalhado do Discovery Channel à venda no
Americanas.Com. - Já o Evangelho segundo João, denominado o Evangelho gnóstico, que traz muitas diferenças com relação aos outros três, este foi muito provavelmente escrito no final do século I.
Os relatos dos quatro Evangelhos coincidem entre si no conteúdo principal, mas existem diferenças entre um e outro, embora nenhuma delas esteja diretamente relacionada a conceitos essenciais. Há coincidências importantes, também, entre os Evangelhos e os relatos de historiadores da época, como Flávio Josefo, - correspondente judeu da corte de Domiciano e o maior dos historiadores romanos, e também Tácito, para ficar nos exemplos mais óbvios. Eu falei mais sobre esse assunto aqui.
Filho de José, um carpinteiro de Nazaré da Galiléia, e sua esposa Maria, Jesus nasceu quando seus pais estavam em Belém por causa de um recenseamento. Como corria a notícia de que tinha nascido aquele que se tornaria o 'Rei dos Judeus', e como não se sabiam maiores detalhes a respeito, Herodes ordenou a matança de todas os meninos de Belém até dois anos de idade. Jesus, porém, escapou da matança porque seus pais conseguiram fugir para o Egito. Ali permaneceram até a morte de Herodes, alguns meses depois, quando José decidiu regressar com sua família, e estabeleceu-se em Nazaré, onde Jesus provavelmente passou a maior parte da sua vida, trabalhando com o pai nas tarefas de carpintaria.
Segundo Lucas, sua primeira aparição pública se deu aos 12 anos, quando a 'Sagrada Família' visitava Jerusalém: seus pais o encontraram entre os doutores do Templo, ouvindo-os e interrogando-os, e consta que já demonstrava assombrosa sabedoria.
Segundo a tradição cristã, após a morte de José, Jesus compreendeu que estava na hora de começar a cumprir sua missão divina. Aos trinta anos encontrou-se, na Judéia, com seu primo João Batista, filho de Zacarias, famoso na região do Jordão por pregar o batismo para o perdão dos pecados. Ali, também Jesus foi por João batizado, e a partir desse momento iniciou o anúncio das 'Boas Novas', - ‘Evangelho’ no grego, - ou seja, a realização das profecias sobre o Messias e a instauração do Reino de Deus no mundo, a partir de Israel.
Seguiu-se então uma série acontecimentos absolutamente incomuns em sua vida, a começar pelo jejum de quarenta dias no deserto e o episódio miraculoso da conversão da água em vinho nas bodas de Caná, primeira manifestação do seu poder divino. - Iniciou a sua pregação e realizou inúmeros milagres, de Samaria à Galiléia. Foi rejeitado em Nazaré, quando declarou que “Um profeta não fica sem honra, a não ser na sua terra, entre os seus parentes, e na sua. própria casa." (Marcos 6, 1-6) – Afirmação que deu origem ao dito popular “Santo de casa não faz milagre”. Em Cafarnaum, às margens do lago Tiberíades ou mar da Galiléia, aconteceu o episódio da pesca milagrosa.
Aos 31 anos completou a escolha dos seus 12 apóstolos diretos, todos eles galileus, para segui-lo de perto e aprender os mistérios do Reino do Céu, além de, posteriormente, receber dele a autoridade sobre a sua doutrina e a Igreja nascente. Os doze foram estes:
1) Simão Pedro, o “Príncipe dos Apóstolos”;
2) André, o primeiro “pescador de homens” e irmão de Pedro;
3) João, o “Discípulo Amado”;
4) Tiago o Maior, filho de Zebedeu e irmão de João;
5) Felipe, o místico helenita;
6) Bartolomeu Natanael, o Viajante;
7) Tomé, o Ascético;
8) Mateus Levi, o publicano;
9) Tiago Menor, filho de Alfeu;
10) Judas Tadeu, primo do Cristo;
11) Simão Zelote, o cananeu;
12) Judas Iscariotes, o traidor, que viria a ser substituído por Matias.
Foi também aos 31 anos que Jesus realizou o famoso Sermão da Montanha e pregou suas mais notáveis parábolas, através das quais transmitia sua doutrina ao povo, aos sacerdotes e especialmente aos seus seguidores. No período de seus 32 anos aconteceu a morte de João Batista por ordem de Herodes Antipas, e dois grandes milagres: a multiplicação dos pães e dos peixes e a ressurreição de Lázaro.
Também nesse período Jesus ensinou no templo de Jerusalém, estabeleceu o primado de Simão, a quem chamou 'Pedro' ('pedra', 'rocha'). Foi em presença deste, e também de Tiago e de João, que Jesus realizou o prodígio da Transfiguração, quando, no topo de um alto monte “foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz”. Logo depois, “uma nuvem luminosa os envolveu; e eis que, vindo da nuvem, uma Voz dizia: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi'”...
Algum tempo depois, Jesus entrou triunfante em Jerusalém. - À época de seu nascimento, a Galiléia era um conhecido foco da resistência judia contra Roma. O povo judaico esperava por um salvador revolucionário e libertador que recuperasse a sua independência política perdida desde o exílio da Babilônia, no fim do século VI aC; depois de dominados por outros povos, tinham passado ao poder de Roma (63 aC). A pregação de Jesus, portanto, para muitos judeus estava longe de ser coerente com a missão de ser apenas o “rei dos judeus”.
Aos 33 anos Jesus foi considerado blasfemo e acusado de conspirar contra o César, quando Tibério era imperador de Roma. Aprisionado no horto de Getsêmani, foi levado até ao pontífice Anás. Ante Caifás, príncipe dos sacerdotes, com quem haviam se reunido os escribas e os anciãos, foi submetido a um processo político/religioso. Depois foi conduzido à residência do procurador romano da Judéia, Pôncio Pilatos, que, sem entender a revolta da população, o enviou a Herodes Antipas. Por um gesto político de Herodes, foi devolvido a Pilatos, que não achou delito naquele homem, mas diante da pressão dos chefes de Israel e de uma multidão incitada por eles, propôs uma permuta de prisioneiros. A maior parte da multidão, porém, optou pela soltura do prisioneiro político Barrabás quando da opção de troca proposta.
Pilatos então pronunciou a sentença da condenação de Jesus à morte na cruz, considerada uma das penas mais cruéis de todos os tempos, depois de declarar-se “inocente do seu sangue”. De acordo com as leis romanas, foi barbaramente flagelado e teve que carregar sua cruz até a colina do Calvário, no monte chamado 'Gólgota' ('Caveira'). Ali foi crucificado junto com dois malfeitores comuns, - segundo cálculos de estudiosos, historiadores e astrônomos, isso aconteceu no dia 7 de abril, dez dias antes de completar 33 anos de idade.
Observações:
A paixão de Jesus, desde a última ceia até a sua crucifixão e morte, é mais ou menos minuciosamente relatada pelos quatro evangelistas, porém não se pode afirmar com certeza absoluta o lugar exato em que se cumpriu a sentença, pois a destruição de Jerusalém no ano 70 arrasou todos os possíveis vestígios, restando apenas os relatos populares e a tradição. Cinquenta dias após a sua morte, durante a festa de Pentecostes, os apóstolos escolhidos pelo próprio Jesus, entre seus muitos discípulos para divulgar o Evangelho ao mundo, anunciaram a sua ressurreição, e que haviam sido enviados a pregar a todo o mundo a Boa Nova da Salvação.
"Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz." - João 18:37
"Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem." - João 7:37-39
"Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne." - João 6:51
"Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas." - João 10:9, 11
"Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a Luz da Vida." - João 8:12
"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá." - João 11:25
A tradução da Bíblia Sagrada utilizada é a da 'Almeida Text' (Revista e Atualizada-2a Edição, © 1993 Sociedade Biblica do Brasil).
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